Entrada letárgica do Benfica vale derrota aos encarnados; Roberto marca aos dois e quase ampliou pouco depois; Júlio César agarra Benfica ao jogo mas o desperdício ofensivo evitou outro resultado; Arouca é líder isolado da Liga NOS.
AROUCA 1-0 BENFICA (Roberto 2')
Aproveitar os deslizes adversários? Talvez para a próxima. Benfica não aproveita os resultados de Sporting e Porto e consegue mesmo fazer pior que ambos os adversários. Entrada desastrada em jogo quase deixou o resultado irrecuperável, Júlio César voltou a ser decisivo, mas foi no panorama ofensivo que mais a equipa de Rui Vitória falhou. Arouquenses aproveitam e a turma de Lito Vidigal lidera, de forma isolada, a Liga NOS.
Diz, o povo, que aquele que por último ri, ri melhor. Nem
sempre, ainda assim, quem para último fica, termina sorrindo. Depois dos
deslizes de Sporting e Porto, o Benfica desperdiçou a oportunidade de ganhar um
fôlego, mais psicológico que pontual, e não só falha o assalto à liderança de
forma isolada, como não aproveita uma possível vantagem emocional que dela
poderia vir. Em Aveiro, casa emprestada para clubes da zona, a maré foi
vermelha mas nem assim o Benfica entrou acordado. Logo aos dois minutos, a
passe de David Simão, Roberto bateu a armadilha do fora-de-jogo, escapou-se a
Luisão e, na cara de Júlio César, colocou o Arouca na frente. A entrada era
letárgica e, por pouco, o Arouca não fez o segundo. A habilidade que sobejou a
Roberto minutos antes faltou, aos nove, quando voltou a surgir na cara do
guardião brasileiro. A entrada é adormecida, como adormecido está o controlo de
profundidade dos centrais encarnados. A dupla é nova, afinal, e ainda requer
afinação. Ao Arouca pouco importa e só aos treze há alguma acção junto da
baliza de Bracalli. Gaitán mostra classe, mas o lance é mais artístico que
efectivo. A entrada dos arouquenses havia sido mais forte mas, por fim, o
Benfica surgia para jogar. Jonas obriga Bracalli a trabalhar, aos vinte, mas um
par de minutos passou até que o Arouca mostrasse que ainda não tinha
adormecido. Roberto, pois claro, volta a ficar perto do golo mas Júlio César
volta a negar. O jogo estava vivo. Eliseu agita e, aos 26’, Bracalli nega Pizzi
com dificuldade. Tal como o fez, minutos depois, aos 31’ e já depois de Nélson
Semedo, numa tão típica investida ofensiva, ter atirado por cima com grande perigo.
Só quase em cima do intervalo o Arouca volta a criar perigo, com Lucas Lima, de livre a 30
metros da baliza, a obrigar Júlio César e Lisandro a empenho suplementar. A
luta de guardiões era feroz. Qual deles assumia o papel decisivo. Bracalli
responde a Júlio, aos 43’, após cabeceamento de Mitroglou e já no período de
compensação, Ola John atira às malhas laterais e Pizzi dá mais trabalho a
Bracalli. O Benfica tinha ficado para último, mas não conseguia sorrir.
A história da segunda parte começa por ser contada como já tantas vezes foi escrito. Roberto, em nova oportunidade de golo desperdiçada. Foi aos 49’, após cruzamento de Artur, ao qual o autor do golo não chegou por pouco. Só dez minutos depois o Benfica deu sinal de perigo com Jonas a atirar forte, mas volta a ser o Arouca a ficar mais perto do golo. Aos 60’, Nuno Valente, obriga a nova intervenção de Júlio César com um remate de fora da área. Aos 64’, é Victor Andrade quem quase faz o golo mas o remate, desviado na defesa arouquense, sai para canto. O Benfica tentava e as oportunidades surgiam, mas o Arouca não se desorganizava. Havia sempre alguém no caminho da bola. Rui Vitória coloca a carne toda no assador e vê, já nos dez últimos minutos, Raúl Jiménez atirar desviado no seu primeiro remate com a camisola encarnada. Aos 85’, sozinho no coração da área e após canto, Luisão, cabeceia por cima. O jogo não terminaria sem que Jonas, em cima dos 90’, ficasse perto do golo mas, invariavelmente, a bola saia desviada. O Benfica havia ficado para último, mas nem sempre o último sai a rir. Liga NOS? Lidera-a o Arouca.
BENFICA
A história da segunda parte começa por ser contada como já tantas vezes foi escrito. Roberto, em nova oportunidade de golo desperdiçada. Foi aos 49’, após cruzamento de Artur, ao qual o autor do golo não chegou por pouco. Só dez minutos depois o Benfica deu sinal de perigo com Jonas a atirar forte, mas volta a ser o Arouca a ficar mais perto do golo. Aos 60’, Nuno Valente, obriga a nova intervenção de Júlio César com um remate de fora da área. Aos 64’, é Victor Andrade quem quase faz o golo mas o remate, desviado na defesa arouquense, sai para canto. O Benfica tentava e as oportunidades surgiam, mas o Arouca não se desorganizava. Havia sempre alguém no caminho da bola. Rui Vitória coloca a carne toda no assador e vê, já nos dez últimos minutos, Raúl Jiménez atirar desviado no seu primeiro remate com a camisola encarnada. Aos 85’, sozinho no coração da área e após canto, Luisão, cabeceia por cima. O jogo não terminaria sem que Jonas, em cima dos 90’, ficasse perto do golo mas, invariavelmente, a bola saia desviada. O Benfica havia ficado para último, mas nem sempre o último sai a rir. Liga NOS? Lidera-a o Arouca.
BENFICA
Júlio César: Mais uma vez voltou a ser decisivo e agarrou o
Benfica ao jogo. Companheiros do sector ofensivo não aproveitaram as paradas do
brasileiro.
Eliseu: Pouco decisivo no jogo ofensivo e pouca solidez
defensiva. Mesmo passando quase todo o jogo na frente acabou substituído por um
extremo tal foi a inefácia dos seus cruzamentos.
Luisão: Entrou mal, cresceu com o jogo e acabou por
desperdiçar uma clara oportunidade de golo.
Lisandro López: Depois da belíssima exibição perante o
Estoril mostrou alguma inconsistência e descoordenação com Luisão, mas tal como
o capitão encarnado cresceu com o jogo.
Nélson Semedo: Ofensivamente sempre muito dinâmico e a
oferecer profundidade ao flanco. Voltou a ficar perto do golo, mas tem
carências defensivas que urgem ser trabalhadas.
Gaitán: Alguns rasgos de classe habituais mas, no geral,
exibição desinspirada do argentino.
Pizzi: Tal como grande parte da equipa entrou a dormir mas
cresceu com a partida. Há algum tempo que Pizzi não alcançava o nível que
entretanto alcançou no jogo, levou a equipa para a frente e obrigou Bracalli,
várias vezes, a suar com remates fortes de fora da área.
Samaris: Regresso à titularidade desaproveitado.
Ola John: Pagou pela pouca reputação que goza no plantel. Ia
sendo um dos melhores da equipa, desequilibrava mais que Gaitán, mas acabou por
nem regressar para a segunda metade.
Jonas: O elemento que mais sofreu com a bela organização
arouquense. Sem espaço para jogar, Jonas desapareceu.
Mitroglou: Lutador mas desenquadrado do sistema. Sempre que
o Benfica até explora o seu jogo mais físico faz a diferença (e apenas Bracalli
evitou que o grego fizesse o empate), mas não oferece a mobilidade de Jonas,
por exemplo.
Victor Andrade: Agitou o jogo mas foi inconsequente.
Carcela: Entrada pouco justificada. Substituiu Eliseu para a
lateral esquerda, mas até acabou a deambular por outras posições sem conseguir
ser decisivo.
Raúl Jiménez: Quinze minutos e um remate com algum perigo.
Entrou numa altura de desespero futebolístico e ajudou a sobrepopular a área do
Arouca, contribuindo mais para a confusão que para a decisão.
Rui Vitória: De pouco serve colocar todas as armas ofensivas em campo, se a organização e a dinâmica ofensiva é nula. O Benfica continua a demonstrar graves dificuldades em jogar de forma organizada e em ataque continuado criando, quase exclusivamente, o seu perigo em rasgos de genialidade individual. Rui Vitória parece continuar a querer apostar num sistema que fez parte do ADN encarnado nos últimos anos mas o qual não parece conseguir desenvolver com a mesma dinâmica. Preocupante, ainda, a entrada adormecida da equipa do Benfica e da dificuldade da dupla Luisão/Lisandro em controlar o espaço nas suas costas. Roberto aproveitou e não castigou ainda mais o Benfica por manifesta falta de compostura. Com o avançar do jogo, o desespero foi crescendo e a colocação de vários elementos ofensivos em campo acabou por ter o efeito contrário ao desejado. Afunilou o jogo e sobrepopulou a área defensiva adversária.
Rui Vitória: De pouco serve colocar todas as armas ofensivas em campo, se a organização e a dinâmica ofensiva é nula. O Benfica continua a demonstrar graves dificuldades em jogar de forma organizada e em ataque continuado criando, quase exclusivamente, o seu perigo em rasgos de genialidade individual. Rui Vitória parece continuar a querer apostar num sistema que fez parte do ADN encarnado nos últimos anos mas o qual não parece conseguir desenvolver com a mesma dinâmica. Preocupante, ainda, a entrada adormecida da equipa do Benfica e da dificuldade da dupla Luisão/Lisandro em controlar o espaço nas suas costas. Roberto aproveitou e não castigou ainda mais o Benfica por manifesta falta de compostura. Com o avançar do jogo, o desespero foi crescendo e a colocação de vários elementos ofensivos em campo acabou por ter o efeito contrário ao desejado. Afunilou o jogo e sobrepopulou a área defensiva adversária.
Arouca: Jogo irrepreensível da turma de Lito Vidigal que
continua a demonstrar todas as suas capacidades de organização e motivação. O
Arouca entrou fortíssimo e aproveitou a letargia encarnada para quase decidir o
encontro. Com maior clarividência ofensiva, o Arouca podia perfeitamente ter
colocado um 2-0, ou até um 3-0 no marcador, não fosse o desperdício de Roberto
que até havia feito o primeiro. Com o golo, naturalmente, a equipa de Arouca
organizou-se mais atrás, altura em que sobressaiu a organização e a
concentração defensiva da equipa de Vidigal. O mesmo é dizer que a dupla
Velásquez/Hugo Basto foi praticamente inultrapassável. Inultrapassável esteve
mesmo Bracalli que defendeu tudo o que havia para defender. Um resultado
surpreendente e que deixa a equipa de Arouca na frente da Liga NOS de forma
isolada.
Homem do Jogo para o PD: José Manuel Velázquez (Arouca)
![]() |
Lusa | Paulo Navais |