Benfica chega ao derby vindo de uma derrota; Encarnados continuam sem vencer na Turquia; Galatasaray volta a vencer na Champions dez jogos depois; Gaitán deu vantagem logo no segundo minuto; Inan castigou uma penalidade de André Almeida; Podolski virou o resultado.
GALATASARAY 2-1 BENFICA (Selçuk İnan 19' pen e Podolski 33' | Gaitán 2')
Benfica continua sem vencer na Turquia e perder contra os leões locais não parece ser um bom prenúncio para o fim de semana. Gaitán, com enorme classe, colocou os encarnados na frente logo no segundo minuto do jogo mas, ainda antes do intervalo, o Galatasaray virou o resultado. Segunda parte aberta e com oportunidades para ambos os conjuntos não fez mexer o marcador.
Contra os turcos o saldo benfiquista até pode ser positivo
mas, em território otomano, não há como passar. Contra o Galatasaray só há um
registo histórico e esse, até foi em casa. O resultado final, contudo, foi
semelhante. O Benfica perdeu por 0-2. Só Luisão, do lado benfiquista, sobre
desse jogo. Gaitán, por exemplo, só chega à Luz dois anos depois. Ele que abriu
o marcador no Ali Sami Yen. Foi logo aos dois minutos. Nunca o Benfica marcara tão cedo na Liga dos Campeões. Primeiro sentou Chedjou e, depois, picou sobre Muslera. A primeira pincelada de magia estava dada mas o
Benfica não aproveitou. Sneijder aos onze já avisava, Balta obriga Júlio César
à primeira grande defesa da noite pouco depois e, aos 19’, lá surgiu o empate.
André Almeida corta um lance de ataque do Galatasaray com o braço dentro da área e Selçuk Inan não perdoou. Foi ao ângulo. A resposta demora a chegar mas,
aos 26’, dos pés do homem do costume, lá chegou o perigo. Gaitán atira de fora
da área mas sai desviado. Por esta altura já o Gala dominava. E, mais uma vez,
primeira avisou e, depois, castigou. Primeiro aos 29’. Depois, aos 33’. O mesmo
homem: Lukas Podolski. Podo foge a Jardel após passe brilhante de Chedjou e o internacional alemão fuzilou Júlio César com a bola a passar pelo meio das pernas do canarinho. O Galatsaray chegava ao intervalo a vencer depois de uma
melhor entrada dos encarnados. O domínio, esse, nunca falou português.
O Benfica volta a entrar mais forte na segunda parte mas
poucos garantirão que o filme não é o mesmo. Desta vez Jonas não marcou mas, a
resposta turca, é ainda mais imediata que a da primeira metade. Aos 50’ o
remate de Sneijder é desviado por Bulut e a bola apenas para no poste da baliza
benfiquista. E quando não foi o ferro, foi Júlio César. Três minutos depois,
Bulut, obriga o porteiro a ser felino e apenas reflexos muito apurados evitam o
terceiro do Galatasaray. A segunda parte é aberta e frenética. Aos 54’, Jonas,
remata por cima com perigo e no minuto seguinte o remate de Gaitán sai a rasar
o poste de Muslera. Aos 58’ é Jiménez quem atira forte e, desta vez, valeu o
uruguaio. Tal como um par de minutos depois. Canto de Guedes que sobra para
Gaitán e Muslera resolve de forma apertada. Finalmente o jogo acalma. Só aos 67’
quase se canta golo. E como seria cantado. O remate de Podolski é fabuloso e
sai a pouca distância da baliza do Benfica. O Benfica responde pouco depois mas
Jiménez faz de central e corta o remate de Jonas. Mais perigoso foi o remate de
André Almeida aos 75’. Ia para a baliza, mas Chedjou desviou para canto. Chega
o tempo de tudo ou nada e Gaitán já é lateral. Aos 83’ Podolski volta a atirar
com perigo e no minuto seguinte, Mitroglou, na primeira vez que toca na bola, atira
para a malha lateral de Muslera. O último folego é encarnado mas o resultado
não fora a alterar-se. Gaitán bate um livre lateral e quando Luisão se
preparava para jantar, Chedjou, tirou-lhe o pão da boca. O Benfica voltaria a
não vencer na Turquia, nem a vingar 2008. Perder contra os Leões de Istambul?
Mau prenúncio.
BENFICA
Júlio César: Mais um jogo praticamente imaculado. Sofre dois
golos, salvou outros tantos.
Sílvio: Toda a sua falta de ritmo emergiu, não conseguindo
ser sólido defensivamente e oferecendo pouco na manobra ofensiva da equipa. Que
diferença para Nélson Semedo.
Luisão: Ao contrário de Jardel, Luisão denotou dificuldade
em acompanhar a intensidade turca e falhou demasiado na saída de bola.
Jardel: Acaba traído pelo péssimo posicionamento de Eliseu
no lance do golo de Podolski, já que fora o espaço concedido nesse lance esteve
praticamente inultrapassável.
Eliseu: Para esquecer. Muito longe do nível que já mostrou
este ano.
Gonçalo Guedes: Muito esforço, pouca inspiração.
André Almeida: A par de Eliseu o pior da equipa e o seu erro
na grande penalidade entregou o domínio do jogo ao Galatasaray.
Samaris: A par de Gaitán o elemento mais do Benfica e gerir
um miolo de meio campo, completamente sozinho, em noite de Champions, é
impossível fazer melhor.
Gaitán: Noite de gala. Mais uma.
Jonas: Desaparecido e pouco envolvido no processo defensivo.
Raúl Jiménez: Muito esforço, pouca inspiração. Estranhamento
escorregadio.
Pizzi: Primeiro a entrar em campo aos 62’. Acumulou maus
passes e más decisões.
Victor Andrade: Péssima entrada de Andrade em campo. Na
primeira entrada à bola até podia ter visto um cartão de outra cor e, com a
bola nos pés, foi um acumular de más decisões.
Mitroglou: Na primeira vez que tocou na bola quase faz golo.
Foi talvez o único lance de registo nos seus dez minutos em campo.
Rui Vitória: Depois de duas vitórias em dois jogos a
primeira derrota do Benfica na Liga dos Campeões vem, porventura, na pior
altura. Em semana de Derby Lisboeta o Benfica surgirá na Luz com uma pressão
acrescida e dispensável. Ao contrário do habitual, e do que aconteceu em
Madrid, Jonas não pareceu trazer instruções para se juntar à dupla de meio
campo de forma a ocupar mais espaço no miolo do terreno e a coesão defensiva do
Benfica sofreu. O Galatasaray explorou o espaço livre no meio campo encarnado e
foi perigoso. Vitória não encontrou antidoto para secar Sneijder ou Podolski e
na altura do tudo ou nada, foi metendo homens na frente sem que o Benfica
aumentasse a pressão (a reacção à perda de bola durante grande parte do encontro foi sofrível) e a intensidade no seu jogo.
Galatasaray: Desde 2013 que o Galatasaray não vencia para a
Champions. Seguiram-se sete derrotas e três empates desde então e, numa altura
em que a pressão era grande para os turcos (que já viam Atlético e Benfica a
fugir na classificação) lá surgiu a redenção. O Galatasaray até nem entrou bem,
começou a perder cedo, mas assim que assentaram o seu jogo, dominaram-no. A
superioridade numérica no meio campo foi bem explorada e Sneijder, inteligente
no posicionamento, aproveitou o espaço dado pelo Benfica para jogar e fazer
jogar. O maestro a que estamos habituados. Sem surpresa, Sneijder foi
acompanhado por um Selçuk Inan a grande nível que secou Jonas e por um Podolski
que foi muito perigoso, “arrasou” Eliseu e ainda fez um golo a aproveitar o mau
posicionamento do lateral. O Benfica acabou por não saber aproveitar as
fragilidades defensivas do Galatasaray já que nenhum dos quatro homens da linha
defensiva turca parecer propriamente sólido em todo o jogo.