Longe de chegar ao fim, o mercado de inverno não tem sido particularmente simpático no que diz respeito à Major League Soccer. Emblemas do vizinho campeonato mexicano fazem uso da sua superior capacidade negocial, capturando com êxito algum do talento que desfilava nos relvados norte-americanos. O melhor lateral esquerdo da prova em 2015, Jorge Villafaña, pertence agora aos quadros do Santos Laguna. Luis Gil, jovem irreverente do Real Salt Lake, rumou ao Querétaro. Mas ninguém perdeu tanto com este fenómeno como os Los Angeles Galaxy, que ficaram sem Omar Gonzalez (Pachuca) e Juninho (Tijuana), duas pedras basilares no desenrolar da época transacta. Conseguirá o técnico Bruce Arena ‘descalçar esta bota’ e superar em definitivo a era pós-Donovan?

Tal grau de sucesso encontra principal justificação na estabilidade do onze-base ao longo dos seis anos. Landon Donovan era presença assídua no alinhamento habitual, quer fosse nas alas, ou como segundo avançado, mas curiosamente não foi o único com estatuto de titular entre 2009 e 2014. Também Omar Gonzalez e A.J. DeLaGarza permaneceram no quarteto defensivo de forma consecutiva. Outros futebolistas como Todd Dunivant, Juninho, David Beckham, Sean Franklin, Mike Magee ou Robbie Keane, deixaram igualmente uma marca fortíssima em muitas das felizes campanhas lideradas por Bruce Arena.
Esta consistência de protagonistas, aliada a uma forte aposta em Jogadores Designados de qualidade indubitável, catapultaram os Galaxy para um sucesso competitivo ímpar na história da competição. Arena sabe construir plantéis na MLS como ninguém, embora tenha sido confrontado no final de 2014 com um novo desafio: a retirada de Landon Donovan. Como lidar com a perda do melhor marcador e assistente de sempre da prova? A especulação cresceu em volta desta nova realidade, e a temporada acabaria por desembocar numa eliminação precoce dos Playoffs. Há quem defenda que o primeiro capítulo da era pós-Donovan tenha sido desapontante. Eu, pelo contrário, considero que estamos perante uma prequela entusiasmante.
As recentes saídas de Omar Gonzalez e de Juninho constituem um ponto final num período de transição que fez o luto a Donovan. Agora sim, existe espaço de manobra suficiente para encetar uma renovação. Bruce Arena explicou numa entrevista há bem pouco tempo que se trataram de mudanças inevitáveis, tendo em consideração as vastas contingências impostas pela liga na constituição do plantel. Assegurou ainda que a equipa ficará mais forte, com segundas linhas de melhor qualidade.
Para já, com dois meses até ao pontapé de saída oficial, enxergam-se fortes sinais de renovação, ainda que esta não passe exactamente pela contratação de futebolistas mais jovens. Dan Kennedy, com 33 anos, foi o eleito para substituir o jamaicano Ricketts na baliza. De modo a colmatar carências defensivas, chegaram Daniel Steres, promovido das reservas do clube (situação prevista pelo PD no balanço do terceiro escalão de futebol norte-americano) e Jeff Larentowicz, jogador experiente ex-Fire que deverá assumir a titularidade em 2016. Arena revelou também que o clube anda à procura de jogadores no continente europeu. Será Ashley Cole? Por enquanto, da Europa só foi confirmado o avançado ganês Emmanuel Boateng, contratado ao Helsingborg.
Por outro lado, a aposta no SuperDraft foi propositadamente ínfima, opção estratégica que tem vindo a ser preconizada continuamente desde 2010. Não admira. Os jovens talentos que provêm da formação são mais do que suficientes. Veja-se o exemplo de Jose Villarreal, Bradford Jamieson ou Gyasi Zardes. Este último terá obrigatoriamente que se assumir em 2016 como o digno sucessor de Robbie Keane na frente de ataque californiana.
Numa altura em que ainda existem lugares por preencher, sobretudo em toda a linha recuada e na posição de médio-defensivo, e que, ao mesmo tempo, o tecto salarial está longe de atingir o limite, muita coisa pode acontecer. Entrámos agora na fase divertida de escolher os substitutos. Adeptos dos Galaxy, não desesperem. Bruce Arena tem muitos anos disto.
![]() |
foxsports.com |