"Altura? O
futebol joga-se com os pés." Esta é a atitude de Stefano Sensi. Uma frase
que diz quase tudo o que ele é. Juntamente com Frank
Kessie, forma a dupla de meio-campo que segura e faz andar o jogo do Cesena. Depois
de duas épocas em San Marino, chegou à Emilia-Romagna e conquistou a titularidade por direito próprio. Agora é um dos jogadores mais cobiçados em Itália. O
novo Verratti.
Não é fácil
corresponder às expectativas quando se é comparado com o melhor jogador
italiano da actualidade. Percebe-se a comparação. A mesma posição, o mesmo
papel, o mesmo aspecto físico. Sensi tem 1.68 metros contra 1.65 de Verratti e
pesa 58 quilos contra 60 do compatriota do PSG. São dois pesos-pluma,
fisicamente menos fortes do que Andrea Pirlo, aquele que é o modelo de ambos
(embora Sensi tenha expressado a sua admiração por Xavi). As semelhanças com
Marco Verratti vão para além do físico e do papel táctico. Tal como Verratti,
que explodiu no Pescara pela mão de Zdenek Zeman e deu o salto para um grande
clube europeu, também Sensi se apresentou ao mundo do futebol numa equipa da
Serie B, comandada por um treinador que percebeu o seu potencial e apostou
forte nas suas capacidades. Mas, desta vez, os gigantes italianos não querem
cometer o mesmo erro que cometeram com Verratti. Desta vez, não estão a dormir.
Juventus, Inter, Nápoles, Roma, todos tentam garantir os serviços de Sensi
antes que este fuja como fugiu Verratti. Sim, porque o Chelsea está à espreita
e até era um dos principais interessados até à saída de José Mourinho.
Natural das Marcas,
Sensi nasceu a 5 de Agosto de 1995 em Urbino. Deu os primeiros passos numa
pequena escola de futebol da cidade, onde foi descoberto pelo Rimini que logo o
integrou nas suas camadas jovens. Não esteve muito tempo nos Biancorossi, apenas até aos 14 anos, idade em
que despertou o interesse do Cesena. Mostrou todo o seu talento no campeonato
de Sub-17 em 2010/11, assinalando 10 golos. As suas prestações convenceram o
clube a promovê-lo à Primavera com um ano de antecedência. O próximo passo do
seu desenvolvimento nunca chegou a acontecer, principalmente devido à
relutância de Pierpaolo Bisoli de o promover à equipa principal. Em 2013, foi
então emprestado ao San Marino da Lega Pro com opção de compra no fim do
empréstimo. Os Titani não acionaram a
opção de compra, mas Sensi regressou em 2014 para mais um ano de empréstimo.
Foi nessa época que explodiu. Fez 33 jogos e 8 golos numa equipa que acabou
despromovida à Serie D. Com a mudança de regime, mudou o destino de Sensi.
Depois da época falhada na Serie A, que começou com Bisoli e acabou com
Domenico Di Carlo, Massimo Drago foi o treinador escolhido para levar o Cesena
de novo ao topo do futebol italiano. Drago chegou e logo se afeiçoou ao jogo de
Sensi. Foi aliás o primeiro a apelidá-lo de "o novo Verratti". Sensi
estreou-se na Serie B a 5 de Setembro contra o Brescia e marcou o seu primeiro
golo a 3 de Outubro, dando a vitória por 1-0 sobre o Livorno. Desde que
conquistou a titularidade, nunca mais a perdeu. É agora uma peça chave na manobra
do Cesena e aquele que muitos consideram ser o melhor jogador a calçar as botas
na Serie B.
Sensi é o tipo de
jogador que passa facilmente despercebido aos olheiros. É frágil fisicamente, é
discreto nas suas acções e não tem um grande reportório de movimentos
técnicos. Mas acaba por ser a estatura a sua grande arma. O baixo centro de
gravidade permite-lhe girar sobre si próprio com grande facilidade. A sua
agilidade de movimentos, jogo de pés e fintas de corpo permitem-lhe ganhar mais
espaço para pensar o que fazer a seguir. Tudo atributos essenciais para quem
desempenha o papel de regista. Se
juntarmos a isto um excelente controlo de bola, um grande à vontade a jogar com os dois
pés e uma precisão no passe longo fora do normal, temos o jogador ideal para
lançar o jogo ofensivo de uma equipa que pretende apostar na verticalidade e na
exploração da profundidade. Um passe de Sensi é suficiente para desequilibrar toda uma equipa. Apesar de ser um organizador de jogo, é raro vermos Sensi fazer um passe para trás ou para o lado. Está sempre à procura da verticalidade, sempre a tentar acelerar o jogo da sua equipa. Os 8 golos em 33 jogos que marcou na última época em San Marino mostram que também tem olho para a baliza. Faz com competência qualquer posição na faixa central do meio-campo, até descaído para uma ala não se dá mal. Ainda lhe falta experiência, mas isso só o tempo resolverá. Para já
está a fazer o que é melhor para o seu desenvolvimento: jogar muitos minutos
num papel de destaque, mesmo sendo numa liga inferior. Ainda não pegou de
estaca na selecção Sub-21, sobretudo devido à vastidão de soluções à disposição
de Di Biaggio, mas a estreia deve estar para breve.
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