Adelaide
United silencia o temível AAMI Park, invoca os Deuses e, como corolário,
conquista o impensável título das Premiers;
Mariners com o pior final de época possível; Roar morreu na praia e terá agora
que defrontar the Big V, o campeão; Wanderland não vacila na Nova Zelândia e
está de regresso à Champions Asiática; A máquina de Lowe caiu com estrondo em
Sydney; Duelos escaldantes a abrir as Final Series.
Melbourne
City 0-2 Adelaide United (Isaías 4’ e Djité 45’+2 pen)
Central Coast Mariners 2-4 Newcastle Jets (Fábio
Ferreira 51’ pen e O’Donovan 76’ |
Nordstrand 1’ e 54’, Alivodić 18’ e Poljak 79’)
Melbourne
Victory 0-0 Brisbane Roar
Wellington
Phoenix 0-2 Western Sydney Wanderers (Šantalab 31’ e 44’)
Sydney FC 4-0
Perth Glory (Carney
31’, Hološko 36’, Ali Abbas 85’ e Ninković 90’)
UPDATE
– Wollongong Wolves, campeões da NSL – o segundo escalão australiano –,
pretende fazer parte da A-League.
– Sydney
FC está a negociar Dylan McGowan com
o Adelaide United, para reforçar os Sky
Blues em 2016/2017.
– A Austrália subiu ao 50º lugar no ranking
da FIFA.
– Sydney FC – vitória (1-0) caseira
perante o Pohang Steelers – e Melbourne
Victory – nulo forasteiro frente ao Suwon Bluewings – estão perto de fazer
história, ultrapassando, pela primeira vez, a fase de grupos da Liga dos
Campeões Asiática.
A maior ‘chapada’ que recebi. Este título – as Premiers – por parte do Adelaide United
tem tanto de épico como de impensável.
Monstruosa recuperação dos Reds, eles
que, no final da 8ª jornada, estavam em último, a 13 pontos da liderança e
ainda sem qualquer vitória. Durante N jornadas ‘pedi a cabeça’ de Guillermo
Amor, mas no final, não me resta outra alternativa a não ser, e com agrado –
sou um apaixonado por outsiders/underdogs
–, fazer um mea culpa. Mais uma prova
cabal desta fantástica liga. Pode – e não tem mesmo – não ter o nível
futebolístico desejado, mas a imprevisibilidade, o drama, a festa do golo –
foram 421 (!), um recorde na fase regular da A-League, com uma média de 3,12
por jogo –, a emoção, todos os vitais ingredientes do futebol, estão bastante enraizados
no futebol australiano. E o mais interessante é que, todo este exótico filme,
ainda não terminou. Resta-nos, agora, abraçar
as Final Series, a pièce de résistance da A-League.
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Melbourne Informer |
Nem City nem Adelaide dependiam de si próprios
para conquistar as Premiers, ou
sequer garantir um lugar no top-2 final. Mas os Reds fizeram o seu trabalho de casa, vencendo num AAMI Park que
vinha a revelar-se como uma autêntica fortaleza para o City – há 10 jogos caseiros
imbatíveis, com 30 (!) golos marcados. E depois, bem, invocaram os Deuses, que
responderam positivamente – derrapagem do Brisbane Roar. Mas se a equipa de Melbourne vinha de um soberbo registo
caseiro, já os comandados de Amor impunham respeito com as suas performances
fora da City of Churches: agora há 10
jogos imbatíveis, com 7 (!) clean sheets e
apenas 4 golos sofridos. E tudo começou com um livre do espanhol, Isaías. O
cérebro da equipa de Adelaide – aquele por quem passa toda a construção e
criação de jogo dos Reds – inaugurou
o placard aos 4’, incutindo, no imediato, pressão e nervosismo ao City. Mesmo
no último suspiro do primeiro tempo, Mauk conquistou uma grande penalidade e Big Brucey – está on fire, com 9 golos nos últimos 11 jogos – não vacilou. A vencer
por 2-0, tudo ficou mais fácil para os Reds,
que limitaram-se a gerir todas as incidências até final do encontro, perante um
City na máxima força, sedento para chegar ao top-2, mas que, no final das
contas, esteve impotente com o seu poder de fogo – o mais temível da liga –,
ficando aquém das expectativas – mérito para Adelaide, que soube aniquilar
Mooy-Fornaroli-Novillo. Agora, os
comandados de van’t Schip, terão que medir forças com a máquina de Lowe, os
Glory, numa partida que, ofensivamente, promete abanar, quiçá, até com o Ayers
Rock.
Curioso: nos seus
primeiros 72 jogos na A-League, somente 1 golo de Isaías, mas nos últimos 7
jogos na liga, já soma 3 golos; foram 45 (!) faltas e 10 amarelos, o que diz
bem da intensidade da partida entre City e Reds.
Histórico: foram
13 (!) clean sheets do Adelaide
United na fase regular, um recorde do clube, que iguala assim o melhor registo,
de sempre, da A-League.
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The Guardian |
Pior desfecho seria impossível para os Mariners.
Para além da inédita e horrível lanterna vermelha com que terminaram a época,
despediram-se dos seus aguerridos adeptos de Gosford com uma derrota, pesada, no
F3 Derby, perante os seus maiores
rivais, os Jets. A equipa de Scott Miller, mais uma vez, voltou a
dar provas que 2016/2017 poderá, muito bem, ser ‘a época’ do conjunto de
Newcastle, que tem tudo para ser um dos grandes outsiders da próxima A-League. É certo que ficaram de fora das Final Series, a 11 pontos do top-6, mas
se tivermos em conta a temporada transacta – último lugar, com somente 3 (!)
vitórias –, verificou-se uma melhoria pontual (+13). Partida que
começou em formato pesadelo para os Mariners, com o golo de Nordstrand no
primeiro minuto e a lesão – derivada desse mesmo lance – de Izzo, o keeper dos anfitriões. Os forasteiros foram superiores, mas este
era um jogo que podia, perfeitamente, ter terminado com um placard ainda bem
mais gordo, tais foram as oportunidades de golo, de parte a parte. Realçar
mais um golo de O’Donovan – boa recta final de época – e o panenka de Fábio Ferreira.
Curioso: o golo
de Norsdstrand, aos 38 segundos, foi o mais rápido, esta época, na A-League;
são agora 133, os golos do campeonato australiano marcados no primeiro minuto;
os Mariners terminam a A-League com uma média de 2,59 golos sofridos por jogo,
a segunda pior da história da elite australiana – Canberra Cosmos (2,65) em
1996/1997.
Histórico: os
Mariners tornaram-se na primeira (!) equipa, em toda a história da A-League, a
terminar uma época sem qualquer clean
sheet; nunca um F3 Derby teve tantos
golos (6) como este; nunca uma equipa (Mariners), na A-League, tinha sofrido 4
golos em 3 jornadas consecutivas.
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Brunch News |
O Roar morreu na praia. Nem top-2 nem Premiers. A equipa de Aloisi esteve,
quase na totalidade da fase regular, a pisar terrenos de top-2, mas no final,
no último jogo, naquele em que estava proibido de perder pontos, vacilou. É certo que o adversário, Melbourne Victory, impunha forte
respeito – estamos a falar do actual campeão em título –, mas não há como fugir
ao triste corolário dos boys de
Brisbane: ausência do top-2 e, essencialmente, perda do trono. Um duro golpe
que tem como consequência novo duelo entre estes dois conjuntos, por um lugar
nas meias-finais, onde terão, à sua espera, o Adelaide United. The
Big V, há muito com o top-6 garantido, e com o foco na Champions Asiática,
optou por uma mescla de juventude e experiência no XI titular e jogou,
claramente, para não perder. A haver um vencedor, teriam sempre que ser os forasteiros,
mas justiça é algo que, no futebol, pouco ou nada importa. McKay, o
capitão, ainda hoje deverá ter pesadelos com aquele falhanço escandaloso aos 3’,
que teria possibilitado ao Roar o título das Premiers. Mas há que mencionar, também, o jovem guardião, Lawrence
Thomas, pela defesa aos 90’+1, que possibilitou o título das Premiers… ao Adelaide United.
Os Wanderers deslocaram-se à Nova Zelândia para
garantir o segundo posto, aquele que permite ao conjunto de Sydney a passagem,
directa, às meias-finais da A-League e, também relevante, o apuramento para a
Champions Asiática na próxima época. A
história mais recente até jogava a favor dos Nix, que registavam 3 clean
sheets – 2 vitórias e 1 empate – nas últimas 3 recepções aos Wanderers, mas, desta vez, foi a equipa oriunda de Sydney quem sorriu por último. Partida algo
madrasta para os pupilos de Merrick, que registaram duas bolas nos ferros e,
durante grande parte do jogo, jogaram olhos nos olhos com o conjunto de Popović.
Castelen voltou a ser o Castelen dos bons velhos tempos – o do Feyenoord –, com
raides explosivos e vários desequilíbrios – juntou, ainda, 2 assistências. E
esteve aqui, no holandês, a chave da vitória dos Wanderers, perante uns Phoenix
que terminam a época num triste 9º lugar, mas atenção, se há equipa que,
pessoalmente, apostaria como grande surpresa para a próxima época, são estes
mesmos Nix – Barbarouses e Finkler
são reforços de luxo e Krishna e Bonevacia, a permanecerem no plantel, tornam
esta equipa poderosíssima do miolo para a frente. Parramatta, já se sabe, irá receber uma de duas máquinas ofensivas: a
de Lowe (Perth Glory) ou a de van’t Schip (Melbourne City)
Curioso: em
todos os jogos (8) que Šantalab marcou, esta época na
liga, nunca (!) os Wanderers perderam – 6 vitórias e 2 empates; neste W Derby – há vários na Austrália –, o score está agora em 5-4, favorável aos Phoenix;
somente 3 vitórias dos Wanderers nos últimos 19 jogos na liga, fora de New
South Wales.
Histórico: são já
44 golos dos Wanderers esta época, um novo recorde da Wanderland, ultrapassando os 43 de 2012/2013 – incluindo Final Series.
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News Collection |
Quem diria que teríamos os Sky Blues a humilhar a máquina de Lowe. A equipa de Sydney, que
vinha de 11 (!) jogos sem conhecer o sabor da vitória, disse enough, e ofereceu, deste modo, uma
alegria aos seus adeptos, os mesmos que ficarão a ver as Final Series pela televisão. Mas a
época dos Sky Blues está longe de
estar terminada. Há, ainda, a Champions Asiática. Competição onde a equipa de
Sydney está, claramente, em grande plano, com a liderança do grupo H, quiçá
naquele que mais se reveste de grupo da morte. Um jogo para esquecer para os
Glory, que não puderam contar com duas das suas estrelas, Diego Castro e Chris
Harold. Mas houve Keogh. Risdon. Grant. Vadócz. Sándor. Marinković. O que
reforça, ainda mais, a enorme surpresa neste resultado. Agora, o conjunto de Perth já sabe que, um hipotético trajecto até à Grand Final, passará sempre longe de
Perth – Melbourne, quiçá Sydney e, se atingirem a final, jogarão sempre fora de
casa –, o que vem dificultar, claramente, a tarefa aos comandados de Kenny
Lowe. Já o Sydney FC, época horrível. Um dos maiores colossos australianos
ficar fora das Final Series, é sempre
motivo para catalogarmos a temporada dos Sky
Blues como de horrenda.
Histórico: os 4-0
passam agora a ser a vitória com maior margem do Sydney FC perante o Perth
Glory.
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Perth Glory |
PD+
Não há
palavras que possam descrever o trajecto do Adelaide United, um conjunto que
demonstrou que, no futebol, tudo, mas literalmente (!) tudo, pode ser possível;
A Wanderland não vacilou e, com
mérito, garantiu o top-2 e o regresso à Champions Asiática – competição que
venceu em 2014.
PD–
As escaramuças
entre jogadores e staff técnico do
City e Adelaide, durante o intervalo, no túnel de acesso aos balneários; Melbourne
City vinha em velocidade de cruzeiro, mas ao derrapar nestas duas últimas
jornadas – outras tantas derrotas –, desperdiçou quer o top-2 quer as Premiers; O último lugar na tabela
espelha, perfeitamente, a horrível temporada dos Mariners, onde Walmsley
demonstrou que não tem arcabouço para a A-League; Glory caiu com estrondo em
Sydney, e veremos se tal goleada não terá efeitos, essencialmente psicológicos,
na equipa para as Final Series.
GOLO
DA JORNADA: Hološko (Sydney FC)
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A-League |