Atlético de Madrid regressa à final da Champions –
2 anos depois –, após partida intensa; Colchoneros
com tremendas dificuldades no primeiro tempo – pressão fortíssima do Bayern –
na saída com bola, mas, defensivamente, sólidos e confortáveis; Carrasco –
espécie de joker de Simeone –
tranquilizou o futebol dos espanhóis, incutindo amplitude, profundidade e
temporização ao conjunto de Simeone; Comandados de Guardiola – despede-se da
Baviera sem o tão desejado ceptro internacional – acusaram o golo, revelando
precipitação nas suas acções; Müller e Torres vacilaram da marca dos 11 metros;
Oblak um gigante; Douglas Costa em dia ‘não’; No conjunto das duas mãos, o Cholismo imperou – hoje bastou apenas
uma (letal) transição ofensiva.

Partida
intensa – como seria de esperar –, com uma recta final a jorrar tensão e suspense.
Mas, no final das contas, será o Atleti quem
estará em Milão. Um regresso ao mais elevado palco do futebol europeu, apenas
duas temporadas depois – final dramática de Lisboa. Bayern chegou a ser territorialmente sufocante – primeiro tempo –, mas superior,
somente nas estatísticas. O Cholismo
voltou a imperar e provou – tal como agora se passa em Inglaterra com o Leicesterismo
– que, este pedigree, por muito ‘feio’
que possa parecer para alguns, é eficaz e, acima de tudo, vitorioso.
Guardiola despede-se da Baviera sem hipótese de conquistar o ceptro mais
desejado e, pela terceira temporada consecutiva, volta a cair nas meias-finais
da Champions – igualou Beenhakker e, ‘pior’, só Mourinho (4). Vale o que vale,
mas sempre que uma equipa – Inter, Chelsea, Real Madrid e Barcelona – eliminou uma equipa de Guardiola, venceu a Champions.
Gabi (6’ e
15’) e Vidal (14’ e 17’) deram os primeiros avisos. Mas apesar do empate ao
nível de oportunidades, o ascendente era germânico. E, aos 20’, Oblak começou a
agigantar-se. Impediu o golo a Lewandowski e, com uma defesa apertada, não
deixou que Ribéry (24’) inaugurasse o placard. Bayern com mais posse de bola, bem mais activo nos flancos, mas com
dificuldades em furar a defensiva Colchonera.
A solução? Bolas paradas. Xabi Alonso, aos 31’, num livre à entrada da área
– esférico passou por entre as pernas de Giménez –, implodiu de loucura a
Allianz Arena. Apenas 2 minutos depois, Giménez voltava a estar em evidência, e
pelos piores motivos: agarrão infantil a Martínez, que originou uma grande
penalidade. Müller vacilou. Ou melhor, Oblak elevou-se a tudo e todos – mesmo na
recarga, a Xabi Alonso. Primeiro tempo
com um Bayern fortíssimo na pressão e na recuperação da segunda bola, mas com
dificuldades em fazer, realmente, a diferença no último terço do terreno.
Na segunda
parte, tudo mudou, graças ao golo de Griezmann, aos 54’ – letal transição
ofensiva; a única dos Colchoneros em
todo o jogo. Com a igualdade restabelecida, a serenidade regressou ao futebol
dos espanhóis, por um bom momento. Ambos os conjuntos revelavam dificuldades no
plano ofensivo – recurso aos remates de meia distância. Mas, aos 74’, num
cruzamento de Alaba, Vidal aparece ao segundo poste, ganha nas alturas a Filipe
Luís e assiste, sobejamente, Lewandowski, que limitou-se a encostar para o
fundo das redes de Oblak. O Bayern
renascia. Guardiola aplicou o seu forcing
final, mas Simeone – entrada de Partey – respondeu à altura, fechando, ainda
mais, o corredor central. Aos 83’ – erro grave do árbitro, Cüneyt Çakir –,
Torres desperdiçou uma grande penalidade – defesa de Neuer – e a hipótese do Atleti arrumar, já, com a questão. Alaba
(88’) e Coman (90’+3) ainda assustaram, mas o conjunto alemão acabaria mesmo
eliminado.
DESTAQUES
Primeiro
tempo de luxo, mas somente ao nível da pressão, intensidade e recuperação das
segundas bolas. Nestes aspectos, Bayern irrepreensível, aplicando um KO evidente ao Atlético. Mas, em termos
de oportunidades criadas, de fazer realmente a diferença no último terço do
terreno, dificuldades dos germânicos – jogaram todo o primeiro tempo no miolo
adversário. Existia um controlo/sufoco
territorial por parte dos pupilos de Guardiola, mas estéril. O golo de
Griezmann abalou a equipa alemã. Precipitados nas acções. E mesmo após o golo
de Lewandowski, faltou maior discernimento no forcing final, que, na verdade, não passou de uma tentativa. A
nível individual, Alonso e Vidal estiveram em grande nível no primeiro tempo,
apoderando-se do miolo, mas Müller – o vértice mais adiantado do miolo –, não
esteve ao nível habitual. Douglas Costa esteve veloz e com vontade, mas péssimo
ao nível da decisão. O #11 dos alemães teve muita tendência para pisar terrenos
centrais, o que possibilitou vários raides a Lahm pelo flanco direito – tal como
Alaba, no flanco oposto, com boas incursões e combinações com Ribéry. Martínez e Boateng foram, praticamente, ‘médios’,
mas quando se tenta sair a jogar pelo meio, seja na condução seja com passes
entre linhas, o risco é enorme, e hoje teve as suas consequências.
No Atleti, o 1-4-5-1 – com bola
transformava-se em 1-4-4-2 – de Simeone passou por sérias dificuldades no
primeiro tempo, mas somente no plano ofensivo. Impotentes na saída com bola.
Defensivamente – bloco baixo e com o miolo muito povoado –, estavam na sua
praia, e aqui, mérito para Godín – jogou por ele e por Giménez – e para os
laterais, sempre concentrados e em ‘uníssono’ – Filipe Luís está num nível
assombroso, empregando muita qualidade no apoio ao ataque. Oblak provou que não
é apenas um gigante na altura. O esloveno agarrou o Atleti à eliminatória na grande penalidade de Müller – quiçá, o momentum da partida. O miolo dos Colchoneros mais parecia um ‘camaleão’,
tais foram as constantes mudanças de posição de Koke-Augusto-Gabi-Ñíguez. O
argentino, como ‘trinco’, não esteve ao nível da primeira mão, enquanto os
espanhóis só após após o intervalo conseguiram estar ao seu nível habitual. Carrasco foi a chave de Simeone. O belga –
claro impacto na partida – ofereceu amplitude, profundidade e temporização ao futebol
dos Colchoneros, que iniciaram o
segundo tempo em 1-4-4-2, mas após o empate, regressaram ao esquema táctico
inicial. Torres desperdiçou oportunidade de ouro – grande penalidade aos 84
–, e teve um jogo de sacrifício defensivo pela frente. Última palavra para
Partey, importante para povoar, ainda mais, o miolo do Atlético de Madrid, que
obrigou/atraiu, mais fortemente, o Bayern a jogar pelos flancos.
Homem do jogo para o PD:
Griezmann (Atlético de Madrid)
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