A época em Alvalade foi de altos e baixos, mas que termina com uma certeza: está de volta um leão capaz de lutar pelo título. O Museu de Alvalade apenas viu entrar a Supertaça nas suas vitrines, mas mais do que troféus, Jorge Jesus formou uma equipa e uma identidade que promete manter-se no Sporting durante os próximos anos. Mas na próxima época, o campeonato é exigência máxima e obrigatória.
OVERVIEW
A época desportiva, não só do Sporting, mas também do futebol português, começou com uma das notícias mais inesperadas e chocantes das últimas décadas. A chegada de Jorge Jesus a Alvalade – o seu clube do coração, e onde o pai, Virgolino Jesus, fizera carreira como futebolista -, deu o mote para aquela que prometia ser uma temporada a roçar todos os limites do imaginável. Com o técnico mais cotado e valorizado do futebol nacional, Bruno de Carvalho apostou muitas das suas fichas na conquista do campeonato, e para tal, o investimento subiu no reino do leão. O número de entradas baixou em relação a 2014, no entanto, não deixaram de existir os flops logo à partida (caso de Ciani que chegou, ofereceu um golo ao Crystal Palace, num torneio na África do Sul, e saiu para Espanha). O reforço mais sonante, por ventura, seria mesmo Bryan Ruiz. O costa-riquenho, capitão da selecção de Los Ticos, é um jogador já há muito apreciado e seguido por Jorge Jesus, e tendo em conta a situação complicada do Fulham, foi aproveitada para promover a sua chegada a Alvalade. Também o colombiano Teófilo Gutiérrez, mais um internacional pelo seu país, causou algum impacto, principalmente por ser a contratação mais cara do defeso leonino. Também para a defesa chegaram Naldo e Sebastián Coates, sendo que o uruguaio acabou por ter muito mais impacto na equipa, na ponta final da época. O melhor reforço época, porém, foi a manutenção da maior parte do núcleo duro da equipa, então formado por jogadores como Adrien Silva, William Carvalho (que começou a época a contas com uma lesão), João Mário ou Rui Patrício, sendo que do onze principal mais utilizado por Marco Silva, apenas Cédric Soares e Nani deixaram o clube. Uma das surpresas foi a promoção de Gelson Martins em definitivo para a equipa principal, ele que tinha deixado muito boas indicações na pré-época. Um plantel com qualidade e capacidade para ser uma força bastante presente no contexto interno.
O início de 2015/2016 não poderia ter sido melhor para as hostes leoninas. Um dérbi escaldante a começar o campeonato, a colocar frente-a-frente Sporting e Benfica, na disputa da Supertaça, que a equipa de Jorge Jesus levaria a melhor, e onde se começava a desenhar um traço de superioridade do técnico do Sporting sobre o eterno rival, e em particular sobre Rui Vitória. A euforia da primeira conquista haveria de ser atenuada de forma particularmente “brutal”, com a eliminação no play-off da Liga dos Campeões, aos pés do carrasco da Taça UEFA de 2005, o CSKA de Moscovo. Um duro golpe nas aspirações dos leões em alcançar a fase de grupos da prova milionária, e acima de tudo a impossibilidade de conseguir um importantíssimo encaixe financeiro. A “tremideira” da zona central da defesa foi um dos aspectos flagrantes dos resultados menos positivos da equipa, tanto nas competições europeias como nas provas nacionais. Paulo Oliveira e Naldo, primeira dupla usada por Jesus, não teve na consistência um dos pontos fortes, para além dos problemas físicos que foram enfrentando durante a temporada. No mercado de Inverno, a revolução na linha defensiva foi total, com o regresso de Rúben Semedo, as contratações de Coates, Schelotto e Zeegelaar, e ainda a adaptação de Bruno César ao lado esquerdo da defesa. Para segundo plano passaram João Pereira e Jefferson, que teve uma época complicadíssima, com vários problemas de ordem física. Uma das grandes questões que fica desta época, em termos de mercado, é até que ponto a continuidade de Fredy Montero, transferido em Janeiro para o campeonato chinês, não teria sido mais benéfica para o Sporting, e ajudar a equipa na tentativa de conquistar o título, dada a pouquíssima utilidade do seu substituto, Hernán Barcos.
A entrada de Jorge Jesus marcou claramente o início de um novo caminho para o Sporting, no terceiro ano de Bruno de Carvalho ao leme dos destinos do clube. Se Marco Silva e Leonardo Jardim nem sempre foram nomes consensuais entre a massa adepta, principalmente no que diz respeito ao estilo de jogo da equipa, o ex-treinador do Benfica veio dissipar essas dúvidas, com a implementação de uma filosofia de campeão. O habitual 4x4x2, que tanto sucesso havia trazido nos últimos seis anos no emblema encarnado, foi replicado em Alvalade, e permitiu o crescimento e afirmação de vários jogadores que até então não chegavam perto do seu máximo potencial de rendimento. Um dos casos mais incríveis foi o de Islam Slimani. O trabalho específico a que foi sujeito durante toda a época deu frutos que pouquíssima gente esperava aquando da sua chegada ao Sporting em 2013. Para além da marca impressionante de golos (apenas superada por Jonas, no campeonato), o avançado argelino apresentou recursos técnicos e de entendimento do jogo que não evidenciara nos últimos dois anos, e que o fizeram um dos jogadores mais determinantes da equipa. Também João Mário acabou por beneficiar com a chegada de Jesus, e para isso também ajudou a situação de Carrillo, que lhe abriu uma vaga para uma nova posição no campo, jogando do lado direito do meio-campo. Um posicionamento semelhante ao que assumiu pela selecção de sub-21 que chegou à final do campeonato da Europa em 2015. O jovem médio rubricou uma época notável, que lhe permitiu continuar nas cogitações de Fernando Santos, e colocar os olhos dos colossos sobre si, podendo permitir ao Sporting um enorme encaixe financeiro no defeso que se aproxima.
Nem tudo foram rosas, e se na época passada a comunicação era um tema mais tímido no reino do leão, este ano, com a presença de elementos como Octávio Machado, e o próprio Jorge Jesus, passou a ser uma ferramenta de ataque aos mais directos rivais, em particular o Benfica. Desde o primeiro dia, o discurso adoptado pela estrutura do clube foi direccionado para o eterno rival, numa tentativa de desestabilizar sempre que possível Rui Vitória e os seus jogadores. Até certo ponto, esta estratégia foi colhendo alguns frutos, com o Sporting a superiorizar-se mentalmente nos confrontos directos, excepto naquele que decidiu o rumo do título, no Estádio de Alvalade, a 5 de Março. As críticas à arbitragem foram outro dos temas dominantes na cruzada da comunicação leonina, sendo o mais visado, com naturalidade, Vítor Pereira e as nomeações para alguns jogos dos leões, assim como algumas decisões que, na óptica da estrutura leonina, foram um entrave na disputa pelo título nacional. No entanto, o Sporting acabou por ser um dos clubes integrantes e activos na implementação das novas tecnologias no auxílio aos árbitros, em particular a tecnologia da linha de golo, e as primeiras tentativas de utilização do vídeo-árbitro.
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Maisfutebol |
TUDO PELO TÍTULO
O objectivo para 2015/2016 foi bem clarificado por Jorge Jesus na sua apresentação. Voltar a colocar o Sporting na luta pelo título de forma definitiva, e não esporádica, honrando os pergaminhos da história do clube. Nas primeiras jornadas do campeonato, ainda se viram alguns fantasmas do Sporting de anos anteriores, a pecar principalmente nos jogos em casa frente a adversários de menor valia individual e colectiva. A vitória soberba na Luz por 3-0 deu algum alento à equipa, deixando o Benfica a 8 pontos da liderança, mas a derrota na Madeira, frente ao União, viria a permitir a ultrapassagem por parte do Porto, na tabela classificativa. 2016 viria a começar com um Sporting-Porto, e os leões aproveitaram a oportunidade para se tornarem líderes isolados, estatuto que mantiveram até à jornada 25, quando receberam o eterno rival da 2ª Circular. O único jogo grande que o Sporting não venceu na temporada, foi aquele que permitiu ao Benfica alcançar a liderança, que manteve até ao final da época, sendo coroado com o tricampeonato. Poderá dizer-se que o grande problema do Sporting foram os pontos perdidos frente a Tondela, União ou Rio Ave, mas a derrota frente aos encarnados, numa altura absolutamente crítica do campeonato, ditou que os leões, pelo 14º ano consecutivo, não conseguissem chegar ao tão almejado título. Fica o incrível amargo de boca, com os leões a acabar a época com 86 (!) pontos, algo que seria suficiente para ser campeão nacional em praticamente qualquer época do século XXI em solo nacional. A Taça de Portugal ditou novo confronto com o Benfica, novamente ganho pela equipa de Jorge Jesus, com um golo de Slimani no prologamento. No entanto, nos oitavos-de-final, frente ao Braga, um autêntico thriller, provavelmente um dos melhores jogos dos últimos anos em Portugal, o Sporting haveria de sucumbir perante os guerreiros por 4-3, novamente em tempo extra. Um objectivo falhado, mas que as vissicitudes do sorteio não permitiram continuar. A Taça da Liga, competição já há muito descredibilizada por parte da estrutura do Sporting, serviu apenas para rodar alguns jogadores, e para protagonizar uma épica vitória do Portimonense no último jogo da fase de grupos.
A desilusão leonina após o último jogo do campeonato, em Braga | Fonte: Maisfutebol |
A EUROPA POR UM CANUDO
Ao contrário de 2014/2015, o Sporting teria que enfrentar novamente a problemática de disputar um play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Começar a época mais cedo, realizar dois jogos de grande intensidade ainda no mês de Agosto, e uma eliminação poderia colocar em causa algum do investimento realizado. A eliminatória contra o CSKA mostrou as debilidades claras que os leões evidenciaram durante a primeira metade da época, em termos defensivos, com Musa e Doumbia a semearem o terror na linha mais recuada. Repescagem para a Liga Europa, em que o Sporting não protagonizou uma campanha muito feliz. Acabou por passar aos 16-avos de final, é certo. Mas alguns resultados na fase de grupos foram incompreensíveis para uma equipa com o estatuto, historial e grandeza do Sporting. A humilhante derrota na Albânia, o péssimo jogo realizado em casa frente ao Lokomotiv, foram apenas alguns dos momentos mais sombrios da época leonina. A primeira eliminatória, porém, colocava pela frente um adversário de maior valia, de um campeonato mais forte, com outro poderio financeiro e individual. O Bayer Leverkusen não era um “papão”, mas uma equipa com claras ambições de poder chegar na longe na prova, e foi isso que mostrou nos dois jogos. O Sporting ficou a dever a si próprio a eliminação, tendo em conta a ineficácia demonstrada durante as duas mãos, e o jogo tremendamente pobre realizado em Alvalade. Na próxima época, os leões voltam a entrar na Liga dos Campeões de forma directa, mas o facto de poder entrar pelo pote 4 pode colocar imensas dificuldades para uma hipotética passagem aos oitavos-de-final.
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A expulsão de Rúben Semedo, frente ao Bayer Leverkusen | Fonte: GettyImages |
JOGADORES
Rui Patrício (47 J / 39 GS): Com a chegada de Jorge Jesus ao Sporting, perdeu a braçadeira de capitão de forma oficial, mas dentro do campo, continua a ser ele a voz de comando para toda a equipa. Uma época repleta de grandes momentos, de defesas que valeram pontos e vitórias, e de um contínuo processo de evolução a que se vai sujeitando. Chega em excelente forma ao Campeonato da Europa, já reforçou por várias vezes o desejo de continuar de leão ao peito, e com Jesus, tem melhorado alguns aspectos do seu jogo (o mais crítico a ser o jogo de pés, em que mostra maior à vontade), e apenas com 28 anos já alcançou a marca dos 350 jogos pelo Sporting. Uma lenda em potência, a que falta juntar os títulos para ser ainda mais lembrado por todos os adeptos do clube.
Marcelo Boeck (5 J / 9 GS): Como tem sido apanágio nas últimas épocas, viveu na sombra de Rui Patrício até ao mercado de Inverno, e sempre que foi chamado a intervir, mostrou sempre a falta de qualidade para poder ser uma opção viável ao nº1 da baliza. Foi emprestado ao Capechoense, do Brasil, e tudo indica que não voltará a vestir a camisola do Sporting.
Azbe Jug (1J / 0 GS): Pensava-se, no início da época, que podia ser ele o suplente natural de Rui Patrício. O guarda-redes português não deu quaisquer hipóteses à concorrência, com o esloveno a não conseguir impôr-se na equipa, somando apenas 1 (!) jogo em 51 possíveis.
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Rui Patrício perante Karim Bellarabi | Fonte: Rádio Renascença |
Paulo Olveira (31 J / 0 GM / 0 A): Começou a época como titular absoluto, e as coisas pareciam bem encaminhadas para a afirmação definitiva, e quiçá uma chegada à selecção fosse possível. Porém, os problemas físicos que o afectaram a partir da 2ª metade da época tiraram-lhe essa possibilidade, e a chegada de Coates e Semedo impediu que fosse capaz de voltar ao onze. Terá que evoluir bastante a sua capacidade de sair a jogar para conseguir ombrear com o uruguaio e com o jovem compatriota.
Naldo (28 J / 1 GM / 0A): Uma situação semelhante à de Paulo Oliveira, com as lesões a prejudicarem uma época que poderia ser considerada positiva, no cômputo geral. Ficará na memória a sua exibição imperial frente ao Porto, em Alvalade, a anular por completo Aboubakar. Se os rumores de mercado tiverem algum fundo de verdade, poderá abandonar o clube no próximo defeso.
Ewerton (18 J / 1 GM / 0 A): Tecnicamente, não existiram no Sporting, nos últimos anos, centrais com a sua capacidade. Mas os problemas físicos continuam a assolar a sua carreira, e a prejudicar bastante a sua forma de jogar, mais na antecipação, e menos em defender a profundidade. Com o seu salário, e as suas sucessivas lesões, a saída poderá ser uma inevitabilidade.
Tobias Figueiredo (6 J / 1 GM / 0 A): O jovem central, que passou muito tempo da época entre a equipa principal e a equipa B, sofreu uma lesão que lhe complicou a afirmação numa altura em que tanto Paulo Oliveira como Naldo atravessavam alguma quebra exibicional. Poderá ser sensato utilizar a mesma estratégia que foi usada com Rúben Semedo, procurando colocá-lo num clube da Liga NOS para continuar a sua evolução.
Sebastián Coates (17 J / 1 GM / 0 A): O central uruguaio chegou a Alvalade em Janeiro, e cedo se estabeleceu como titular absoluto da equipa de Jorge Jesus. Com uma capacidade atlética impressionante, um jogo aéreo de respeito, e um grande à vontade para sair a jogar, Coates acabou a época como um dos melhores centrais do campeonato, e foi com naturalidade que o seu empréstimo foi prolongado durante mais uma época. No entanto, continua a causar alguma preocupação a sua facilidade em contrair lesões.
Rúben Semedo (16 J / 0 GM / 0 A): Depois de uma primeira volta muito positiva ao serviço do Vitória FC, o jovem central português regressou a Alvalade, e cedo se assumiu como titular. Um central “à Jesus”, com grande capacidade física, velocidade, e aquela ponta de anarquia que o técnico do Sporting tanto gosta. A sua impetuosidade ainda o prejudica por vezes, mas ainda tem tempo para limar as suas lacunas, e poderá vir a ser um central de referência nos próximos anos, não só para os leões, como para uma selecção nacional a envelhecer rapidamente no eixo da defesa.
Jefferson (27 J / 0 GM / 8 A): Começou a época como havia terminado a anterior, como titularíssimo no lado esquerdo da defesa. No entanto, o seu rendimento caiu a pique, e as lesões impediram que desse o seu contributo à equipa no último terço da temporada. Poderá ser um dos activos que permitirá um encaixe no defeso que se aproxima. Ainda assim, termina a época com um número interessante de assistências em seu nome.
Marvin Zeegelaar (13 J / 1 GM / 2 A): Chegou proveniente do Rio Ave a meio da época, com o selo de formação do Ajax, e a capacidade de fazer praticamente todo o flanco esquerdo com qualidade. No entanto, a falta de confiança e de entrosamento foi uma das notas dominantes nas suas exibições, sempre com receio de arriscar, de desequilibrar no último terço e ainda com algumas debilidades defensivas. Será um jogador que Jesus tentará potenciar na próxima época.
Ricardo Esgaio (13 J / 0 GM / 2 A): À partida para 2015/2016, era o único substituto de João Pereira, mas com a chegada de Schelotto foi perdendo algum espaço. No entanto, já no final da temporada, Jesus começou a utilizá-lo numa posição mais central do campo, onde a sua inteligência e capacidade de decisão podem desequilibrar. Poderá ser alvo de um empréstimo na próxima época, mas parece ainda ser um jogador de quem Jesus ainda espera evolução para aparecer mais vezes na equipa do Sporting.
Ezequiel Schelotto (17 J / 0 GM / 3 A): No seu jeito meio desengonçado e trapalhão, o italo-argentino acabou a época como titular indiscutível, ofuscando por completo João Pereira. A sua capacidade física e garra foram aspectos dominantes e que fizeram Jorge Jesus apostar nele, com resultados razoavelmente satisfatórios. Mas será suficiente para enfrentar uma época de 50 jogos, e o objectivo de fazer boa figura na Europa?
João Pereira (30 J / 0 GM / 2 A): Começou a época como titular, e de forma algo estranha, quando atravessava o seu melhor momento de forma, desapareceu das opções de Jorge Jesus, em detrimento de Schelotto. Rumores surgiram que houve desentendimentos entre os dois, e a possibilidade de abandonar o Sporting é forte, tendo em conta que os leões estão à procura de mais um lateral-direito para reforçar a equipa.
Jonathan Silva (10 J / 0 GM / 1 A): Foi aposta fugaz de Jesus no início da época, principalmente na Liga Europa, mas não correspondeu às expectactivas, acabando por ser emprestado em Janeiro ao Boca Juniors.
William Carvalho (36 J / 3 GM / 3 A): O início de temporada foi bastante complicado, devido à lesão contraída após o Europeu de Sub-21. Começou a entrosar-se com a equipa e com os processos de Jesus mais tarde comparativamente com os outros companheiros, e na primeira volta nunca vimos o verdadeiro William. Com uma linha defensiva mais estabelecida, e maior liberdade para se soltar em campo, o trinco português rubricou um final de época soberbo, e a sua preponderência nas acções da equipa tem crescido de jogo para jogo. Chega ao Euro 2016 em excelente forma, dando uma boa dor de cabeça a Fernando Santos.
Bruno Paulista (4 J / 1 GM / 3 A): Chegou com rótulo de “craque” a Alvalade, mas uma lesão complicada em Novembro retirou-o dos planos da equipa, e praticamente não teve oportunidade de mostrar o seu valor.
Alberto Aquilani (32 J / 5 G / 2 A): Il Principino, assim apelidado em Itália, foi uma das contratações mais sonantes da época. O internacional italiano trazia muita experiência internacional, capacidade de ter a bola e de pensar o jogo, e foi isso que foi fazendo durante grande parte da época, quando foi chamado à equipa. O último terço não foi tão positivo, e a exibição frente ao Bayer em Alvalade foi um dos pontos mais negativos da temporada do médio criativo.
Adrien Silva (41 J / 9 GM / 7 A): A braçadeira de capitão passou para ele com a chegada de Jesus a Alvalade, e o início de época, jogando na posição mais recuada do meio-campo, foi algo tremido. Com o regresso de William, o seu rendimento cresceu de forma brutal. Juntou golos e assistências ao seu jogo, mas também maior preponderência nas acções ofensivas, um posicionamento defensivo mais eficaz, e a garra e entrega ao jogo habitual que todos lhe conhecem. Está no melhor momento da sua carreira, e com 26 anos, tem ainda muito pela frente, seja de leão ao peito, ou numa equipa disposta a abrir os cordões à bolsa e tirá-lo de Alvalade.
Bryan Ruiz (46 J / 13 GM / 15 A): Um amor antigo de Jorge Jesus, que foi consumado com a chegada do costa-riquenho a Alvalade. Bryan é a extensão de Jesus no campo. Um jogador com um entendimento e compreensão do jogo muito acima de todos os outros, com a experiência internacional que o suporta, e a classe que separa os bons dos grandes jogadores. Apesar da saída de Nani poder causar algum impacto imediato, o capitão da Costa Rica deu à equipa outras armas, outra consistência e outro conhecimento táctico, que fizeram dele um dos jogadores mais entusiamantes do nosso campeonato na época que agora acabou. Ficará para sempre ligado ao falhanço frente ao Benfica, mas tudo o que deu à equipa em outros jogos não poderá ser esquecido, e será um dos jogadores a manter a todo o custo em 2016/2017.
Matheus Pereira (18 J / 5 GM / 2 A): O jovem extremo é uma das maiores promessas a sair de Alcochete nos últimos anos, e as suas prestações, principalmente na Liga Europa, deixaram água na boca. Não foi tão utilizado no final da época, em detrimento de Mané e Gelson, mas terá na próxima temporada nova oportunidade de se afirmar na equipa principal.
Bruno César (18 J / 4 GM / 3 A): Um jogador bem conhecido de Jorge Jesus, que chegou do Estoril no mercado de Inverno. O Chuta-Chuta começou a aventura no Sporting da melhor maneira, com um bis ao Vitória FC, e assumiu durante alguns jogos a posição do lado esquerdo do meio-campo, quando Ruiz passou para a frente de ataque. No entanto, nos últimos meses da época, Jesus testou-o numa posição onde já havia tentado quando ambos estavam no Benfica, como lateral-esquerdo. Uma solução que, a curto prazo, foi interessante, mas que não parece poder ter continuidade no longo prazo.
João Mário (45 J / 7 GM / 12 A): É absolutamente delicioso vê-lo jogar. Apesar de ter feito 90% da época numa posição que não é a sua de origem, o jovem João entregou-se totalmente às novas funções, e os números ajudam a perceber a sua influência: 7 golos, e na memória o fantástico tento ao Vitória FC; 12 assistências, e são para todos os gostos. Mas dentro do campo, com a bola nos pés, é que se percebe toda a sua preponderância na manobra da equipa. Tão depressa é um segundo médio-centro, como se transforma num extremo que desequilibra através da velocidade ou do drible curto, ou se fixa numa posição mais central, nas costas dos avançados. A sua dinâmica e mobilidade foram um dos pergaminhos que fizeram com que rubricasse uma temporada extraordinária, coroada com a chamada ao Euro 2016.
André Carrillo (7 J / 1 GM / 3 A): O peruano foi protagonista do caso mais polémico do universo sportinguista, esta época. Até começou muito bem, e foi um jogador preponderante nos primeiros jogos, mas cedo foi afastado da equipa, por não ter aceite renovar o seu vínculo contratual. Mais tarde viria a saber-se que assinara um pré-acordo com o Benfica, para a partir de 2016/2017 representar os encarnados.
Carlos Mané (23 J / 1 GM / 7 A): A época passada fizera com que todos pensassem que Carlos Mané tivesse em 2015/2016 a sua afirmação na equipa principal. E essa previsão começou razoavelmente bem, pois nas primeiras jornadas ainda teve alguma utilização frequente. Mas o aparecimento de Gelson Martins, a preponderância de João Mário e Ruiz, e a preferência de Jesus por Teo tiraram-lhe o pouco espaço que poderia ter para ter mais minutos.
Gelson Martins (42 J / 7 GM / 4 A): Foi, de forma quase indiscutível, a grande revelação da época. Apesar de ainda ter muitas lacunas ao nível do entendimento do jogo, o jovem Gelson pegou nas oportunidades que Jesus lhe deu, e aproveitou-as quase ao máximo. 42 jogos na sua primeira época na equipa principal é um número formidável, em que contribuiu com golos, assistências, desequilíbrios, e a crença de que a aposta na formação será para manter, assim haja qualidade para dar o contributo à equipa.
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GettyImages |
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Bleacher Report |
Teófilo Gutiérrez (32 J / 15 GM / 1 A): Duas metades de época completamente distintas. Na primeira, fora os golos marcados ao Benfica, que tiveram a sua importância, foi sempre um corpo estranho na manobra da equipa. Depois da polémica no mercado de Inverno, com as férias prolongadas, voltou a demonstrar a mesma falta de entrosamento, até que os golos começaram a surgir em catadupa. Acabou a época com 15 golos marcados, a grande maioria no último terço do campeonato, e ajudou a equipa a manter-se na luta pelo título. Uma incógnita para 2016/2017.
André Martins (7 J / 0 GM / 0 A): Parece ter chegado ao fim a sua ligação ao Sporting. Nem no meio-campo, nem na frente de ataque, o pequeno médio foi capaz de dar algo à equipa, nos poucos minutos que esteve em campo. Ao que tudo indicia, irá rumar ao Olympiakos, orientado por Marco Silva.
Hernán Barcos (8 J / 0 GM / 0 A): Envolvido no negócio Montero, o avançado argentino chegou a Alvalade com o rótulo de goleador, proveniente do campeonato chinês. No entanto, a pouca utilização fez com que não tivesse qualquer impacto na equipa.
Junya Tanaka (7 J / 0 GM / 0 A): O japonês começou a época com a equipa, mas cedo se percebeu que não fazia parte dos planos de Jesus, e acabou por regressar ao Japão.
Fredy Montero (23 J / 6 GM / 6 A): Uma das grandes incógnitas da época. Se é verdade que nem sempre esteve à altura quando foi chamado à equipa, a sua qualidade e o facto de poder ser uma alternativa muito válida saindo do banco levantou questões aquando da sua saída para a China. Tinha acabado de dar numa bandeja os três pontos, frente à Académica, e parecia que iria assumir o lugar que era de Teo, que continuava a ser um elemento a menos. Mas pouco mais de 48h depois, o anúncio da sua saída, por troca com Hernán Barcos, que teve pouco ou nenhum impacto na equipa. Ficará a questão de como seria o final de época se o colombiano tem ficado em Alvalade.
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Sapo.pt |
A FIGURA
Islam Slimani (46 J / 31 GM / 6 A): Foi, indiscutivelmente, a grande figura do Sporting durante toda a época. A sua evolução foi inacreditável durante todo o ano, e a chegada de Jorge Jesus ao clube catapultou-o para níveis altíssimo de rendimento exibicional. O seu jogo de pés melhorou imenso, o seu entendimento do jogo, de quando deve dar o apoio frontal, de quando deve procurar a profundidade, é um jogador completamente renovado em relação às últimas duas épocas. Mesmo depois do "caso" Samaris, em que durante meses e meses se arrastou a possibilidade de um castigo para o argelino, por uma suposta cotovelada ao médio grego, Slimani continuou a sua caminhada, e acabou a época com uns notáveis 31 golos em 46 jogos, juntando ainda 6 assistências. Uma época de sonho, que só não terminou com o título de melhor marcador do campeonato dada a presença de Jonas, que ultrapassou a barreira dos 30 golos só na Liga NOS. A cobiça é grande, e há vários clubes europeus atentos à cláusula de rescisão relativamente baixa do contrato de Slimani - 30 milhões de euros -, e caso venha mesmo a sair, será um problema complicadíssimo para a direcção do Sporting resolver. Spalvis promete, pelo potencial que tem apresentado na liga dinamarquesa, mas Slimani é Slimani, e nunca seria substituído com facilidade.
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Maisfutebol |
O TREINADOR
Jorge Jesus (51 J / 36 V): A notícia mais improvavél de acontecer, no início da época. Jorge Jesus, bicampeão pelo Benfica, o melhor treinador em Portugal, viajava até ao outro lado da 2ª Circular, para orientar o Sporting. Uma apresentação com pompa e circunstância, lado a lado com o homem que fez com que tudo acontecesse: Bruno de Carvalho. Jesus começou a época conquistando a Supertaça de Portugal ao Benfica, e logo aí começou a troca de galhardetes que iria durar toda a época. Quase todos os ataques tiveram o mesmo alvo: Rui Vitória. Durante alguns meses, o técnico do Sporting conseguiu alguma superioridade, sobretudo mental, sobre o seu rival, mas na altura mais determinante da época, as coisas não correram como previsto, com a derrota em Alvalade frente aos encarnados. A sua postura perante as competições secundárias é um dos aspectos que mais discórdia levanta na massa associativa do clube, principalmente na Liga Europa, onde o excesso de rotatividade de jogadores levou a resultados imperdoáveis, como a derrota frente ao Skenderbeu. Mas se é verdade que podia e devia ter feito mais em alguns momentos, a nova filosofia que trouxe para Alvalade, o futebol de ataque, de trazer cada vez mais gente ao estádio, de mobilizar uma nação leonina em torno de uma equipa, é um mérito que ninguém lhe poderá retirar. Finaliza a época com uma renovação de contrato que acima de tudo serve como uma garantia de que se vai manter no comando técnico pelo menos durante mais uma temporada. Em 2016/2017, a exigência dos sportinguistas é apenas uma: conquistar finalmente um título que foge há 14 anos. Se o Sporting mantiver a mesma garra, a mesma qualidade, os mesmos pergaminhos de compromisso com o objectivo comum, será mais uma vez uma força a temer.
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Sapo.pt |
LEÕES DE OURO
Melhor Marcador: Islam Slimani (31 golos)
Melhor Assistente: Bryan Ruiz (15 assistências)
Jogador da Época para o PD: Islam Slimani
Jogador Revelação para o PD: Gelson Martins
Jogador Desilusão para o PD: Carlos Mané