Contra as limitações, marchar, marchar; Norte-Irlandeses estreiam-se em campeonatos da Europa e a tarefa dificilmente podia ser mais complicada; Lafferty e companhia alcançam algo que nem Best, Martin O’Neill ou Pat Jennings conseguiram.
CONVOCADOS
Guarda-Redes: Michael McGovern (Hamilton), Roy Carroll (Notts County) e Alan Mannus (St. Johnstone);
Defesas: Conor McLaughlin (Fleetwood Town), Gareth McAuley (WBA), Jonny Evans (WBA), Chris Baird (Derby County), Luke McCullough (Doncaster Rovers), Paddy McNair (Manchester United), Aaron Hughes (Melbourne City), Craig Cathcart (Watford) e Lee Hodson (MK Dons);
Médios: Shane Ferguson (Millwall), Niall McGinn (Aberdeen), Steven Davis (Southampton), Corry Evans (Blackburn), Stuart Dallas (Leeds), Oliver Norwood (Reading) e Jamie Ward (Nottingham Forest);
Avançados: Will Grigg (Wigan), Kyle Lafferty (Birmingham City), Conor Washington (QPR) e Josh Magennis (Kilmarnock).
Treinador: Michael O'Neill (NIR)
CALENDÁRIO
Irlanda do Norte Vs. Polónia | 12 de Junho às 17h00 | Allianz Riviera | Nice
Irlanda do Norte Vs. Ucrânia | 16 de Junho às 17h00 | Stade des Lumières | Lyon
Irlanda do Norte Vs. Alemanha | 21 de Junho às 17h00 | Parc des Princes | Paris
HISTORIAL
Mais habituada à presença em Mundiais de Futebol (1958, 1982 e 1986, a última presença dos norte-irlandeses em grandes competições de futebol de selecções), a armada Verde e Branca estreia-se, em 2016, num Europeu de futebol. O mais perto que ficaram? 1984. Nem George Best ficou tão perto. Numa equipa onde pontuava, por exemplo, Martin O’Neill e, claro, Pat Jennings, os irlandeses perdem apenas na diferença de golos para a Alemanha Ocidental no Grupo 6 da fase de qualificação para o, curiosamente, certame francês. Anos mais tarde, nova decepção. Para 1996 integram o, também, Grupo 6 de qualificação, mas voltam a perder na diferença de golos, agora para os vizinhos do Sul. Apenas um golo separou Irlanda do Norte da República da Irlanda, e separou a turma de Michael O’Neill (então médio ofensivo) do playoff de acesso à fase final do torneio de Inglaterra.
A CAMINHADA
Nenhuma nação venceu o grupo vindo do pote 5 do sorteio de qualificação. A Irlanda do Norte fê-lo. Fê-lo, e com distinção, numa série de resultados tão positiva que o recente empate perante a Eslováquia deixa a turma de Michael O’Neill invicta nos 12 últimos jogos. Limitados? Sim. Tecnicamente, apenas. A Irlanda do Norte aproveitou o terrível momento da Grécia para assumir o papel de líder no seu grupo de qualificação, tendo perdido apenas uma vez em 10 partidas. É certo que não era o grupo mais forte da qualificação (más línguas dirão que era mesmo o mais fraco), mas os resultados estão à vista. A Irlanda do Norte até vinha de uma péssima fase de qualificação para o Brasil 2014, mas Michael O’Neill (que quase foi demitido em função disso mesmo), Davis, Lafferty e Norwood, orquestraram um verdadeiro milagre e a dupla vitória perante a Grécia e a vitória na Hungria impressionaram.
XI PROVÁVEL
ANÁLISE TÁCTICA
A perda de Chris Brunt é um rude golpe nas (pequenas) aspirações da Irlanda do Norte mas Michael O’Neill parece ter tirado um coelho da cartola que tornou a sua formação ainda mais sólida. Naquela que foi uma qualificação de camaleonismo táctico (experimentou-se o 4-3-3, o 4-1-4-1, o 4-2-3-1/4-3-1-2 e até o clássico 4-4-2), O’Neill parece ter descoberto no 3-5-2 o melhor antídoto para as naturais limitações técnicas dos seus jogadores (a sobrepopulação no miolo retira espaço para a construção adversária, ainda que a equipa perca algum virtuosismo possível vindo de extremos como Dallas ou McGinn); parece ter descoberto o melhor antídoto para confrontar selecções de maior valia técnica e táctica. E não só o sistema táctico parece definido, como a filosofia da equipa está bem delineada: Para O’Neill, a receita do sucesso dos Irlandeses, estará em correr mais, trabalhar mais, suar mais, que o adversário. Garra, ambição, crer e querer, não irão faltar aos seus homens. Sólidos defensivamente, coesos, linhas baixas e concentradas e um terror em lances de bola parada. Quebrar a barreira defensiva dos irlandeses será o grande desafio, tal como será parar a visão de jogo e capacidade de passe da dupla de maestros Davis e Norwood (que chega a França depois de uma temporada de enorme nível e, por ventura, como o irlandês em melhor forma da actualidade), bem como a imponência física de Kyle Lafferty (uma dupla com Conor Washington poderia ser fisicamente implacável para as defensivas contrárias mas o mais provável é ser Jamie Ward ou Will Grigg, mais móveis e dinâmicos, a fazer dupla com o homem golo irlandês). O avançado do Norwich, emprestado ao Birmingham, há muito que perdeu o trilho da sua carreira a nível de clubes (Maurizio Zamparini definiu-o mesmo como um "irlandês sem regras") mas, pela selecção de Michael O’Neill, fez sete golos na fase de qualificação.
Esta é uma equipa que vale, ainda assim, pelo seu colectivo e espírito de entreajuda. A falta de experiência, quer no que toca a jogos realizados em grandes competições, quer no que toca a enfrentar os grandes jogadores da actualidade do desporto (muitos dos norte-irlandeses jogam nas divisões secundárias de Inglaterra), será o grande handicap da equipa britânica. Combativos, directos e ambiciosos. Haverá espaço para uma surpresa irlandesa?