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Fonte: BSWW |
Selecção nacional entra a vencer na Taça da Europa e está nas meias
finais; exibição muito segura diante de uma Espanha organizada mas sem fulgor;
Rússia será o derradeiro obstáculo dos lusos no acesso à final; Itália e Hungria
são as nações em confronto na outra meia final.
Itália 3-2 Suíça (Palmacci 13’ e 14’ e Gori 16’ | Misev 22’ e Hodel
28’)
Portugal 4-2 Espanha (Jordan 14’, Belchior 14’ e 25’ e Zé Maria 22’
| Pajón 1’ e Ridouan 29’)
Rússia 3-2 Ucrânia (Romanov 3’ e Krasheninikov 30’ e 33’ | Kornichuk
10’ e 16’)
Sérvia 0-6 Hungria (Ábel 1’ e 19’, Berkes 16’, Turos 21’ e 24’ e
Szentes Biro 23’)
Começou ontem em Belgrado a
Taça da Europa de Futebol de Praia 2016, numa competição marcante a vários
níveis. Trata-se da iniciação da Sérvia no panorama internacional da modalidade,
tanto pela estreia da sua selecção como pela organização do evento, sendo ao
mesmo tempo o evento que inaugura a temporada europeia de verão. Além disso, a
Taça da Europa volta a reunir as 8 melhores selecções europeias da modalidade
com base no ranking da Beach Soccer World Wide, algo que não se verificava
desde 2012, contribuindo assim par devolver ao torneio a credibilidade que
merece.
Portugal surge como o
principal favorito à vitória, principalmente pelo estatuto de campeão europeu e
mundial que ostenta, mas também por ser o principal recordista de títulos na
competição, somando 6. A selecção das quinas pretende retomar na Sérvia a senda
vitoriosa da década passada, interrompida em 2006 em Nápoles, na Itália. De
facto, os guerreiros das areias lusitanas, agora comandados por Mário Narciso,
não poderiam ter iniciado da melhor forma a caminhada rumo ao almejado troféu:
vitória na partida dos quartos de final sobre a vizinha Espanha, um duelo
ibérico tradicionalmente difícil em que Portugal se impôs com um triunfo meritório
por 4-2.
Portugal no comando das operações em guerra peninsular
Entrando em campo com o cinco
inicial habitual composto por Elinton, Torres, Jordan, Madjer e Belchior,
Portugal procurou desde cedo assumir o jogo e esteve perto de inaugurar o
marcador numa boa jogada de Belchior e Jordan, com o número 5 luso a rematar
para defesa de Dona. Na resposta, La Roja
capitalizou da melhor forma a sua primeira situação para marcar, num
contra-ataque venenoso conduzido por Antonio e Merida, com finalização
vitoriosa num cabeceamento de Pajón. A desvantagem precoce de 1-0 não
atemorizou os campeões mundiais, que continuaram a buscar o golo com a mesma
vontade e paciência. Jordan, primeiro num pontapé de bicicleta e depois num
remate de ressaca, colocou à prova os reflexos de Dona, que instantes depois
contou com a ajuda da barra para evitar o golo do empate, após cabeceamento
perigoso de Bruno Torres. A estes instantes iniciais de grande tensão seguiu-se
um período de ritmo mais baixo, com a defensiva espanhola a trabalhar muito
bem, fechando os caminhos para a baliza castelhana. Todavia, o domínio lusitano
na partida era evidente, num fluxo ofensivo unidirecional imposto pelos
jogadores portugueses. Já os homens de Joaquín Alonso apenas conseguiam
importunar Elinton Andrade por meio da marcação de livres, dado que a selecção
das quinas se mantinha sempre equilibrada no terreno de jogo. Do outro lado, as
oportunidades lusas voltariam a chegar de forma mais consistente na recta final
do 1º período, primeiro num remate acrobático de Madjer, depois numa acção
individual de Coimbra com a bola a embater no poste e finalmente num livre do
meio campo cobrado pelo mesmo Coimbra para defesa de Dona. A primeira etapa
terminaria, no entanto, com vantagem mínima para a turma espanhola.
A história do 2º período
revelar-se-ia totalmente distinga do ponto de vista do resultado, mas idêntica
ao nível da toada de jogo. Uma entrada forte de Portugal deixou sob pressão a
equipa capitaneada por Dona, que acabaria por ser finalmente batido por Jordan:
o jogador nazareno iria cobrar de forma exímia um livre a 25 metros da baliza
adversária, ao rematar forte e cruzado, levando a bola a ressaltar na areia
mesmo em frente ao guardião murciano. O empate seria novamente efémero, dado
que uma grande penalidade inteligentemente conquistada por Belchior e
convertida pelo mesmo colocaria Portugal pela primeira vez em vantagem, por
2-1. O volume de jogo lusitano produzia assim os seus frutos, perante uma
Espanha que tentava sair a jogar a partir dos lançamentos ou do 5x4 montado
pelo seu guarda-redes, mas sem eficácia. Mesmo as momentâneas desconcentrações ou
perdas de bola de Portugal não foram aproveitadas com o discernimento
suficiente pelos jogadores espanhóis e os lusos saberiam segurar as rédeas do
encontro, continuando a trabalhar em busca do terceiro golo. Um cabeceamento de
Zé Maria à barra e os livres cobrados por Jordan, Belchior e Madjer foram os
avisos para o golo que acabaria por chegar, por intermédio de Zé Maria: o pivô
português aproveitou da melhor maneira uma segunda bola após a marcação de um
canto para colocar Portugal em vantagem por 3-1. O domínio luso na partida
acentuava-se, sem que a Espanha parecesse conseguir dar resposta, apesar das
incursões individuais esporádicas de jogadores como Pablo ou Antonio.
O 3º período confirmaria o
triunfo dos campeões do mundo, graças a mais uma entrada plena de convicção e uso
da qualidade técnica individual. Foi no primeiro ataque que Belchior aproveitou
um lançamento de Elinton para armar o pontapé de bicicleta de primeira, batendo
Cristian Mendez no seu segundo golo da tarde. O 4-1 começava a constituir uma tarefa
hercúlea para uma Espanha sem ideias, que até final foi tentando responder ao
resultado, principalmente a partir do 5x4 montado pelo seu guarda-redes. Não
obstante, a soberba organização defensiva e entreajuda que se respirava no lado
português sufocou a tentativa de reacção dos pupilos de Joaquín Alonso, que
apenas conseguiriam chegar ao golo na marcação de um livre pelo jovem Ridouan.
O resultado de 4-2 foi gerido serenamente pela equipa portuguesa, que podia até
por diversas vezes ter dilatado a vantagem, dando a ideia de estar mais próxima
de um quinto golo do que a sua rival ibérica do terceiro. Exemplo disso foi o
minuto final de jogo, durante o qual os jogadores portugueses exerceram uma
pressão constante sobre a baliza de Cristian, tendo Bruno Novo ficado a centímetros
do golo por duas ocasiões. A partida terminou assim com um triunfo incontestável
para Portugal, numa exibição muito consistente em que a persistência e o
equilíbrio colectivo fizeram a diferença, perante uma Espanha que não conseguiu
responder da forma desejada às ausências dos lesionados Llorenç e Juanma.
Rússia e Itália passam no teste
O adversário de Portugal nas
meias finais de hoje será a Rússia, actual líder do ranking mundial, que não encontrou
facilidades perante a vice-campeã europeia Ucrânia. Num duelo muito fechado,
com poucas oportunidades de golo para ambos os lados, os russos entraram a
vencer com um golo de Romanov, em boa iniciativa após lançamento de Ostrovski.
Contudo, a Ucrânia mostrou bem cedo que iria discutir o jogo de igual para
igual com os czares, montando um sistema ofensivo 2:2 muito bem oleado e
revelando-se letal no aproveitamento de cantos e lançamentos laterais. Numa
equipa totalmente integrada na elite europeia, o elemento em destaque foi o
experiente Kornichuk, com dois golos fantásticos apontados em remates
acrobáticos, responsáveis pela reviravolta no marcador, consumada já no 2º
período. A Rússia sentiu dificuldades para se impor perante os vizinhos do sul,
tentando fazê-lo sobretudo a partir de jogadas individuais de Makarov e de
Krasheninikov, mas sem sucesso. Só na última etapa os soldados de Likhatchev
lograriam chegar ao empate, na conversão de um livre do meio campo por
Krasheninikov. Minutos mais tarde, o número 5 da Rússia voltaria a dispor de um
livre na mesma zona do terreno, que iria converter praticamente da mesma forma,
numa fotocópia perfeita do golo do empate. A Rússia vencia assim a Ucrânia por
3-2, resultado que conseguiu segurar nos minutos finais, apesar da pressão
ucraniana liderada por Igor Borsuk. Portugueses e russos degladiam-se amanhã na
luta por um lugar na final, num velho clássico do futebol de praia europeu e
mundial, enquanto espanhóis e ucranianos têm encontro marcado na esperança de
ainda chegarem pelo menos ao 5º lugar.
A par de Portugal e Rússia,
outra equipa mostrou ser candidata clara à vitória na Taça da Europa: a Itália,
agora treinada pela lenda do futebol de praia transalpino Massimo Agostini, que
eliminou a Suíça e seguiu assim para as meias finais. Numa partida que comporta
sempre uma enorme rivalidade, o ritmo foi bastante mais baixo do que seria
expectável, tal como se pode confirmar pelo primeiro período sem golos. No
entanto, a Itália parecia mais consistente e acabaria por materializar o seu
ligeiro ascendente no jogo nos minutos iniciais do 2º período, construindo uma
vantagem de 3-0. Para tal muito contribuiu Palmacci, que marcou 2 golos seguidos,
num bom remate do meio campo em resposta a uma perda de bola helvética e na
conversão de um livre de forma irrepreensível. Gori, na sua tradicional rovesciata (pontapé de bicicleta), foi o
autor do outro golo. A Suíça mostrava-se desorganizada no interior das quatro
linhas, denotando dificuldades na saída para o ataque, que geralmente se
processava por meio de um 5x4 pouco eficaz montado pelo seu guarda-redes. As grandes
figuras Stankovic e Ott tardavam em aparecer e seria Misev o primeiro a quebrar
a resistência dos Azzurri, num remate
explosivo vindo da ala, após uma primeira ameaça deixada pelo próprio no minuto
anterior. Já no 3º período, os homens de Schirinzi intensificaram a pressão,
mas a falta de criatividade e lucidez não os ajudaria na difícil missão de
ultrapassar a coesa muralha defensiva imposta pelos alpes italianos, nem mesmo
quando a equipa de arbitragem assinalava faltas a Ramacciotti e demais colegas
de equipa. A excessão foi mesmo o golo de Glenn Hodel, o jovem prodígio suíço que
marcou o seu primeiro golo na competição após rápida combinação com Wittlin. O
resultado de 3-2, porém, não se alteraria até final, confirmando o triunfo da Squadra Azzurra sobre uma Suíça
irreconhecível.
Hungria apadrinha Sérvia com goleada
Os italianos defrontarão a
Hungria no jogo das meias finais, uma vez que os magiares derrotaram facilmente
os anfitriões na partida de estreia da selecção sérvia em competições de
futebol de praia. O resultado final de 6-0 espelha o domínio húngaro a todos os
níveis, não obstante algum equilíbrio nos minutos iniciais, fruto de algumas
boas indicações da equipa local. Vucicevic foi o elemento em destaque para os
homens da casa, tendo acertado na trave da baliza de Ficsor quando a Hungria
vencia por apenas 1-0. No entanto, a supremacia da equipa de Támas Weisz seria
vincada de um modo cabal nos minutos seguintes, sucedendo-se as jogadas de belo
efeito e os tentos magiares. Vale a pena destacar o excelente trabalho
desenvolvido pelos húngaros na renovação da equipa, graças ao investimento no
talento de jogadores como Turos e Szentes Biro, que hoje foram responsáveis por
3 dos 6 golos húngaros. Os restantes foram apontados pelos experientes Ábel,
que bisou, e Berkes. Itália e Hungria agendaram encontro para hoje, estando um
lugar na final em disputa, ao passo que a Sérvia terá nova oportunidade para
marcar o seu primeiro golo oficial diante da sempre imprevisível selecção
suíça.
CALENDÁRIO
Play-offs do 5º ao 8º lugares:
Ucrânia – Espanha (13h15, SPORT TV 2)
Meias finais: Hungria – Itália
(14h30, SPORT TV 2)
Meias finais: Rússia –
Portugal (15h45, SPORT TV 2)
Play-offs do 5º ao 8º lugares:
Suíça – Sérvia (17h00, SPORT TV 3)