Polónia faz história, ao atingir, pela primeira
vez, os quartos-final; Maratona de futebol em Saint-Étienne, com os polacos a
sorrirem nas grandes penalidades; Polónia foi superior – rapidez de processos e
intensidade – somente no primeiro tempo; Suíça ‘apareceu’ a partir dos 60’ e
não mais largou o comando da partida; Helvéticos fizeram o suficiente para
seguir em frente, mas Fabiański revestiu-se no ex-líbris do muro de betão
polaco; No prolongamento, só deu Suíça – polacos fisicamente de rastos e a
jogar, deliberadamente, para a lotaria das grandes penalidades; Shaqiri – com o
golo do torneio até ao momento –, assim que passou a jogar como ‘vagabundo’,
agigantou-se; Embolo e Derdiyok, vindos do banco, foram um claro boost ofensivo; Grosicki e Kuba foram
perdendo gás – tal como toda a equipa; Glik e Pazdan em evidência.
(4-5 em penaltis, após 1-1 no prolongamento)
A Suíça
ficou pertíssimo de derrubar uma maldição que perdura desde 1938 (!):
ultrapassar uma eliminatória directa – Europeus e Mundiais. E, tal como no
Mundial 2006 – 2 vitórias e 2 empates –, é enviada para casa sem perder
qualquer jogo – 1 vitória e 3 empates. O
conjunto helvético esteve algo amorfo no primeiro tempo, mas entrou de cara
lavada após o intervalo e, com um Shaqiri – ‘semi-chilena’ como forte candidato
a golo do torneio – em formato vagabundo, domou a Polónia – à 4ª tentativa,
vencem uma eliminatória directa em Europeus/Mundiais –, já fisicamente de rastos
e a fazer all-in nos penaltis. Mas em Saint-Étienne, a festa acabou por ser polaca.
Croácia ou Portugal. Um deles será o adversário da Bialo-Czerwoni na próxima quinta-feira, às 20h, no majestoso
Vélodrome, em Marselha.
Partida que
começou praticamente com a Polónia pertíssimo de inaugurar o marcador. Logo aos
20 segundos, um erro defensivo helvético possibilitou a Lewandowski um choque
com Sommer e, na recarga, Milik disparou por cima – com mais calma, tinha tudo
para facturar. E foi o mesmo Milik que, aos 6’, de cabeça, voltou a dar o aviso
– Sommer seguro. Do outro lado da barricada, só através da meia distância os
suíços deram um ar da sua graça, mas quer Džemaili (10’) quer Rodríguez (25’),
ficaram-se pelas tentativas. Polónia
pressionante, com rapidez de processos mal entrava no último terço do terreno,
e tal dinâmica fez mossa na Suíça: Krychowiak (29’), Grosicki (31’) e Milik (33’),
desperdiçaram boas oportunidades. Mas a partir dos 35’ a Suíça tentou
responder à altura, fosse através do jogo aéreo (Schär 35’ e Djourou 39’) ou
dos remates de fora de área (Džemaili 38’). Num contra-ataque perfeito, os polacos
inauguraram o placard, com Grosicki a fazer a diferença no flanco direito,
assistindo, sobejamente, Kuba – classe e frieza na finalização. Um golo que acabou por premiar o maior
poderio polaco no primeiro tempo e, ao mesmo tempo, um murro no estômago
helvético – começavam a demonstrar uma diferente e melhor atitude em campo.
No segundo
tempo, tivemos 15 minutos de puro equilíbrio, e com boas oportunidades para
ambos os conjuntos: Lewandowski (50’) e Kuba (53’) para a Polónia, e Shaqiri
(51’) para a Suíça. Quer Sommer quer Fabiański, estiveram em grande plano. Mas
a partir dos 60’, a Suíça superiorizou-se. Aos 73’, Rodríguez, de livre
directo, obrigou Fabiański a uma soberba defesa. E aos 78’, só a trave fez
frente à Suíça, com o remate de Seferović a levar ao desespero a massa adepta
helvética. Cheirava a golo para os lados suíços, e Shaqiri, com uma
semi-chilena assombrosa, à entrada da área, incendiou as bancadas do Stade
Geoffroy-Guichard. O prolongamento
acabava por saber a vitória para a Polónia, já sem forças físicas e
completamente desleixada no plano ofensivo. Aliás, nos 30 minutos adicionais,
só uma equipa procurou a vitória: Suíça. Foram 3 boas oportunidades para os
helvéticos – Shaqiri (96’) e Derdiyok (113’ e 118’) –, mas desfazer o 1-1 do
placard, somente com recurso às grandes penalidades, e aí, foi Xhaka, o recente
Gunner, o único que borrou a pintura –
bomba para fora. O #10 polaco, Krychowiak, tornou-se no herói polaco, batendo
Sommer pela última vez. Polónia fez história, ao atingir, pela primeira vez, os
quartos-final de um Europeu.
PETKOVIC ACERTOU O RELÓGIO TARDE DEMAIS
O 4-2-3-1
de Petkovic não surtiu efeito no primeiro tempo. Nem o sistema táctico nem
algumas opções do seleccionador suíço, como Mehmedi e Džemaili. Já Seferović e
Xhaka, só começaram a carburar a partir dos 60’, tal como Shaqiri. A Suíça começou então a jogar com 3
avançados – Derdiyok como #9, Seferović na esquerda e Embolo na direita – e
colocou Shaqiri como #10. Em suma, como vagabundo, com liberdade total. E
esteve aqui, nesta mudança/aposta táctica de Petkovic, que a Suíça não mais
perdeu o controlo da partida, acabando por engolir o miolo polaco e não permitindo
qualquer veleidade ofensiva à equipa de Nawałka. Embolo e Derdiyok agitaram
com o ataque helvético – sobrelotaram o corredor central, possibilitando que
Rodríguez e Lichtsteiner explorassem bem os flancos e Shaqiri se revestisse de
abre-latas. Behrami incutiu garra ao miolo suíço, mas a agressividade exagerada
acabou por castigar o jogador (substituído). Tivemos uma Suíça amorfa no
primeiro tempo, mas que foi crescendo com o desenrolar da partida, terminando
mesmo como um conjunto a sufocar a Polónia.
No lado
polaco, belo primeiro tempo. Intensidade,
muita pressão e, acima de tudo, rapidez de processos, com qualidade e segurança
na troca de bola. Mas esta Polónia padece do mesmo defeito de Portugal: jogo
aéreo. Foi assim que a Suíça foi crescendo, ao causar perigo através das
bolas paradas. Na segunda parte, o desgaste físico foi mais que evidente, e não
obstante a coesão da equipa – compactos, com os sectores interligados –, a
verdade é que esperava-se mais no plano ofensivo, especialmente de jogadores
como Lewandowski – está a ter um torneio abaixo das expectativas; não marca há
7 jogos na selecção – e Milik. Krychowiak
e Mączyński acabaram engolidos com o passar dos minutos, e Kuba e Grosicki –
incutiram sempre profundidade e amplitude à equipa – transformaram-se nos
motores da armada polaca, mas assim que foram perdendo forças, a equipa
ressentiu-se, tremendamente. O destaque positivo vai para Fabiański –
provou porque razão Szczęsńy não calça – e a dupla defensiva, Glik-Pazdan,
certinhos e importantes nas dobras e nas batalhas aéreas.
HOMEM DO JOGO:
Shaqiri (Suíça)
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